Escalas de trabalho: guia completo com exemplos e leis
- Via Online Consultas

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As escalas de trabalho são formas de organizar a jornada de trabalho. Para fazer uma boa gestão de pessoas, é preciso conectar as necessidades de operação da empresa ao bem-estar dos colaboradores, considerando sempre as leis trabalhistas vigentes no país.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é quem rege as escalas mais comuns, como 5x2, 6x1 e 12x36, além de determinar horários de trabalho, dias de descanso e os intervalos entre as jornadas.
Escolher a escala certa é mais do que uma questão de produtividade, é também uma decisão estratégica que impacta diretamente a qualidade de vida e a satisfação dos colaboradores.
Por isso, neste guia, vamos explicar as principais escalas previstas na legislação, seus impactos na saúde e na produtividade dos colaboradores, além de mostrar como escolher o modelo mais adequado para sua empresa. Acompanhe!
O que são escalas de trabalho?
As escalas de trabalho servem para que uma empresa organize a jornada de trabalho de diferentes equipes e setores. Com elas, as atividades são mantidas sem interrupção das operações.
Além dos horários de trabalho, as escalas estipulam os dias de descanso e os intervalos entre as jornadas, influenciando diretamente o bem-estar dos colaboradores.
Mas antes de estabelecer o modelo que sua empresa adotará, se 5x2, 6x1 ou 12x36, é preciso estar atento à legislação trabalhista vigente no país, conforme veremos a seguir.
A CLT e a Reforma Trabalhista
A CLT regulamenta as relações trabalhistas no Brasil e define direitos e deveres dos empregados e empregadores, incluindo as determinações das escalas de trabalho, mesmo que, em alguns casos, dependam de acordos sindicais ou convenções coletivas.
Em resumo, a CLT determina jornadas de trabalho de até 44 horas semanais, com carga horária diária máxima de 8 horas e, pelo menos, um dia de descanso remunerado.
Em 2017, foi implementada uma Reforma Trabalhista para trazer mais flexibilidade às regras e priorizar a negociação direta entre empregador e empregado. Com isso, o colaborador passou a poder negociar diretamente com a empresa alguns aspectos da sua jornada de trabalho.
Entre as principais mudanças, estão:
Flexibilização: permissão para negociar horas de trabalho, arranjos como banco de horas e escala 12x36, mediante acordo individual ou coletivo;
Intervalo de almoço: pode ser negociado, desde que não seja inferior a 30 minutos em jornadas superiores a seis horas diárias;
Trabalho intermitente: modalidade recente de contrato de trabalho, em que a convocação do trabalhador poderá ser feita conforme a necessidade da empresa. O pagamento é proporcional às horas trabalhadas;
Home office: a reforma formalizou o teletrabalho e estabeleceu as diretrizes para a execução de atividades à distância.
Quais são as escalas de trabalho previstas na CLT?
A legislação trabalhista prevê diversas escalas de trabalho, como a 5x1, 5x2, 6x1, 4x2, 12x36 e 24x48, sendo cada uma adaptada a diferentes tipos de atividades e setores. Abaixo, alguns detalhes importantes sobre cada uma delas:
Escala de trabalho 5x1
Nessa escala de trabalho, a jornada diária deve ser de 7h20min, totalizando 44 horas semanais, na qual o colaborador trabalha durante cinco dias consecutivos e descansa no sexto dia.
É o modelo de jornada de trabalho mais comum em setores que operam de forma contínua, como operadores de telemarketing, serviços de segurança ou da área da saúde. Mas, para que os horários sejam cumpridos sem lacunas, são necessários, pelo menos, três colaboradores por função.
A principal vantagem é a melhor distribuição do descanso semanal. Em contrapartida, a folga semanal não tem dia fixo. Portanto, nem sempre irá coincidir com o domingo, o que pode impactar a saúde física, a saúde mental e o bem-estar do colaborador.
Escala de trabalho 5x2
A escala 5x2 é chamada de escala comercial, sendo a mais usual, na qual o trabalhador atua por cinco dias e descansa por dois, normalmente aos finais de semana. A jornada diária é de 8h48min, com o total de 44 horas semanais.
Normalmente, os setores que mais adotam esse tipo de escala são escritórios, empresas que não operam aos finais de semana, escolas e universidades.
A vantagem dessa escala é a regularidade do descanso aos finais de semana. Entretanto, em períodos de maior demanda, pode ser necessário compensar esse descanso com horas extras. Também vale citar que, na escala 5x2 presencial, o tempo de deslocamento diário, especialmente durante os horários de pico, pode gerar desgaste significativo.
Escala de trabalho 6x1
Na escala 6x1, o trabalhador tem seis dias de trabalho consecutivos para um dia de folga. Além disso, é garantido um domingo de descanso a cada sete semanas. Para cumprir 44 horas de trabalho semanal, deve cumprir 7h20min diários.
Esse tipo de escala é mais comum em setores que precisam operar todos os dias da semana, como comércio, shoppings, transporte e restaurantes.
Nesse regime de trabalho, a operação permanece ininterrupta, ou seja, não é preciso parar as atividades durante os finais de semana – o que pode gerar desgaste físico e mental ao trabalhador devido à limitação de folgas.
Nos últimos tempos, movimentos organizados pela deputada federal Erika Hilton iniciaram a mobilização pelo fim da escala 6x1, com o argumento de que esse modelo de trabalho compromete o bem-estar dos profissionais, propondo, então, a jornada 4x3, que inclui três dias de descanso semanais.
Segundo os defensores do projeto, essa mudança tende a aumentar a produtividade e proporcionar maior equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. A demanda se tornou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), porém continua em fase de discussão no Congresso Nacional.
Escala de trabalho 4x2
A escala 4x2 é a menos comum. Nela, o trabalhador atua por quatro dias e folga por dois dias. Porém, para alcançar as 44 horas semanais, cada jornada precisa ter duração de 11 horas. Ao fim do mês, o colaborador terá 20 dias trabalhados e 10 dias de descanso.
Essa jornada só é permitida se for prevista pelo sindicato da categoria ou mediante convenções coletivas.
Esse modelo é adotado por setores que requerem jornadas diárias mais longas, a fim de atender à demanda, como setor de alimentos, postos de gasolina, ramo de limpeza e manutenção, hotelaria e hospedagem, serviços de transporte, cinemas e parques.
O benefício dessa escala é o maior equilíbrio entre trabalho e descanso, apesar de ser um modelo difícil de implementar em equipes pequenas.
Escala de trabalho 12x36
A escala 12x36 consiste em 12 horas de trabalho consecutivas, seguidas de 36 horas de descanso. É uma jornada muito comum em setores que precisam de uma cobertura 24 horas, como hospitalar, de vigilância e segurança.
Esse modelo permite um longo período de descanso, portanto promove flexibilidade e, na maior parte das vezes, facilita o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Vale destacar, porém, que longos turnos de trabalho tendem a causar maior fadiga no colaborador. Por esse motivo, a Reforma Trabalhista de 2017 permitiu maior flexibilidade para a adoção dessa escala. Isso significa que é possível firmar acordos individuais sem a necessidade de negociação coletiva.
Escala de trabalho 24x48
A escala de trabalho 24x48 não é muito utilizada por se tratar de uma jornada extensa. Mas, quando adotada, é mais comum em áreas que demandam prontidão no atendimento, no qual o funcionário trabalha por 24 horas seguidas e, após isso, tem uma folga de 48 horas.
É a escala mais comum em hospitais, praças de pedágio, corpo de bombeiros e postos policiais. Ela tem respaldo legal, podendo ser utilizada somente mediante convenção coletiva ou acordo sindical.
A possibilidade de ter folgas mais longas é um ponto positivo para que o trabalhador equilibre o trabalho com os outros aspectos da vida, pois é a escala que proporciona mais tempo livre. No entanto, a jornada extensa exige um bom preparo físico e mental.
Quais são os impactos das escalas de trabalho na saúde e na produtividade?
Cada escala de trabalho vai afetar o bem-estar físico e mental dos colaboradores de formas diferentes.
Enquanto algumas oferecem mais flexibilidade e folgas, o que tende a melhorar a saúde mental e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, modelos de trabalho mais intensos podem gerar fadiga, aumentar o risco de acidentes de trabalho ou até mesmo de burnout.
No entanto, entre as desvantagens observadas na redução de jornadas mais longas de trabalho, estão o aumento dos custos operacionais e, consequentemente, a redução da competitividade.
Como escolher a melhor escala para sua empresa?
Confira alguns passos sugeridos para criar uma escala de trabalho para o seu negócio que atenda às necessidades operacionais e considere a satisfação do quadro de colaboradores:
Mapeie as necessidades operacionais: identifique os horários de maior demanda e os períodos em que a presença de mais colaboradores é indispensável;
Atente à legislação trabalhista: certifique-se de que as escalas seguem as regras, com intervalos obrigatórios, descanso semanal remunerado e jornadas diárias delimitadas;
Adote o modelo de escala mais adequado ao seu negócio: cada escala se adapta melhor a determinados setores, portanto, avalie a natureza do trabalho para ajustar a rotina da equipe;
Considere o perfil e as necessidades dos colaboradores: ao montar a escala, leve em consideração as preferências individuais da equipe sempre que possível. Isso formará um ambiente de trabalho mais harmonioso e com colaboradores mais satisfeitos;
Reavalie e ajuste com frequência: faça revisões periódicas nas escalas para identificar problemas como sobrecarga de trabalho, ocorrência de acidentes ou conflito de horários;
Use a tecnologia: você também pode utilizar sistemas de gestão para otimizar o controle das escalas.
Dica extra: atente ao compliance e aos acordos coletivos. A escala de trabalho deve seguir as normas da categoria para evitar problemas com a lei ou até mesmo o pagamento de multas.





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